DO PAPEL DA SOCIOCOGINIÇÃO NAS PRÁTICAS ESCOLARES: REFLEXÕES NECESSÁRIAS NO CAMPO SABER METALINGUÍSTICO INFANTIL
DOI:
https://doi.org/10.56814/lel.v1i1.1791Resumo
Os estudos da linguagem pautados na hipótese sociocognitiva entendem os fenômenos da cognição humana como processos que se efetivam na interação. Assim, para a sociocognição a mente é quem elabora e padroniza universos de experiência na medida em que interage com o externo, e é nessa interação que se geram novos conhecimentos, passando a língua(gem) a ter caráter intersubjetivo, conforme Gerhardt (2006),Tomasello (2003),Dijk (2012), Gombert (1999; 1996), Fabre (2000), dentre outros. Partindo, pois, de tal pensamento, entendemos que as práticas escolares que envolvem a produção textual infantil devem estar ancoradas na ideia de que os processos sociais e culturais participam ativamente do desenvolvimento de habilidades cognitivas e metacognitivas individuais e de que a complexidade da expressão linguística provém da necessidade do usuário da língua adaptar os referentes que deseja expor nos ambientes que compartilha com os seus interlocutores. À luz de tal pensamento, analisamos produções textuais de alunos do 2º ano do Ensino Fundamental, considerando que escrever não se restringe apenas a lidar com conhecimentos linguísticos, mas que, através das marcas reflexivas deixadas pelo aprendiz,é possível apontar importantes evidências da dimensão sócio e metacognitiva da linguagem, o que implica emreflexões em torno das práticas de língua(gem) enquanto fruto das ações intencionais esociocognitivas do aprendiz, pois se entendemos a questão cognitiva como uma relação pragmático-discursiva, somos obrigados a convocar uma teoria do modo do funcionamento da atividade mental compatível com o modo de funcionamento da linguagem.PALAVRAS-CHAVE: Sociocognição. Saber metalinguístico infantil. Escrita.
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