DIFERENÇAS NA COMPLEMENTAÇÃO DE VERBOS EVIDENCIAIS NA EXPRESSÃO DA DEDUÇÃO E DA PERCEPÇÃO DE EVENTO EM LÍNGUA PORTUGUESA
DOI:
https://doi.org/10.56814/lel.v5i1.1433Resumo
A evidencialidade é uma categoria qualificacional que marca a fonte da informação contida em um enunciado ou o meio pelo qual o falante obteve essa informação. Adotando o arcabouço teórico da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) e a classificação da evidencialidade proposta por Hengeveld e Hattnher (2015) e Hengeveld e Fischer (2018), é possível reconhecer cinco subtipos evidenciais, dois dos quais interessam a este trabalho: a dedução, que é um raciocínio embasado por uma percepção sensorial, e a percepção de evento, que diz respeito à atestação de um estado de coisas por meio de um dos sentidos. No intuito de analisar formas polissêmicas que expressam ambos os subtipos evidenciais em português, este estudo trabalha com ocorrências dos verbos de percepção ver, observar, ouvir, sentir e perceber, retiradas de blogs de temáticas diversificadas, em que esses verbos funcionam como núcleo de uma oração simples ou complexa e em que o elemento sob o escopo do evidencial funciona como complemento dessa oração. Em primeiro lugar, os resultados corroboram afirmações de trabalhos anteriores (HATTNHER, 2013; HENGEVELD; HATTNHER, 2015) de que a percepção de evento é caracterizada, semanticamente, pela simultaneidade entre a percepção e o evento percebido, ao passo que a dedução é caracterizada por um distanciamento temporal e/ou espacial entre a dedução e o evento deduzido. [...] Por fim, o evidencial de percepção de evento é encontrado apenas no passado e no presente, assim como o evento sob o escopo do evidencial dedutivo.
PALAVRAS-CHAVE: Evidencialidade. Dedução. Percepção de evento. Gramática Discursivo-Funcional.
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