SEMÂNTICA DE FRAMES E TEORIA DE PROTÓTIPOS: UMA ANÁLISE DO POEMA NÃO, DE AUGUSTO DE CAMPOS

Autores

  • Henrique Alvarenga COSENZA

DOI:

https://doi.org/10.56814/lel.v4i2.1414

Resumo

Este estudo é parte de dissertação defendida em março de 2019, na FALE, UFMG. Buscou-se aqui demonstrar como o ferramental teórico da Linguística Cognitiva, especificamente a semântica de frames e a teoria de protótipos, é eficaz na descrição de como é cognitivamente construído o significado na interpretação do poema Não, de Augusto de Campos. Na interpretação do texto, foi identificada a emergência de um frame, ativada pela palavra poesia, que disponibilizou outros conceitos, conforme previsto pela semântica de frames. Esses outros conceitos disponibilizados referem-se a características, tanto formais quanto de conteúdo, tidas como importantes na determinação de textos poéticos, que foram sistematicamente negadas ao longo do poema, indicando que essas características não seriam nem necessárias, nem suficientes para determinação de um membro da categoria. Dessa forma, foi possível entender que o frame poesia evoca características que caracterizam protótipos de uma categoria, conforme proposto pela teoria de protótipos, e que estes não são suficientes para determinar quais elementos podem ser compreendidos como pertencentes a essa categoria, bem como explicitando que seu limite seja impreciso. Conclui-se que o referencial teórico se mostra pertinente na descrição de processos demandados na construção de significado da interpretação textual, corroborando a hipótese do arcabouço teórico adotado de que a produção e interpretação linguística de textos poéticos demandam o mesmo aparato linguístico e conceptual que a linguagem cotidiana.

PALAVRAS-CHAVE: Frames. Categorização. Protótipos. Poética Cognitiva.

Referências

CAMPOS, Augusto de. Não. São Paulo: Perspectiva, 2003.

CROFT, William; CRUSE, D. Alan. Frames, domains, spaces: the organization of conceptual structure. In: CROFT, William; CRUSE, D. Alan. Cognitive Linguistics. New York: Cambridge University Press, 2004, p. 7-39.

FERRARI, Lilian. Introdução à Linguística Cognitiva. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2014.

FILLMORE, Charles J. Frame semantics. In: GEERAERTS, Dirk; DIRVEN, René; TAYLOR, John R. (org.). Cognitive Linguistics Research 34. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 2006, p. 373-399.

FREEMAN, H. Margaret. Cognitive Linguistic Aproaches to Literary Studies: state of the art in cognitive poetics. In: GEERAERTS, Dirk; CUYCKENS, Hubert (org.). The Oxford Handbook of Cognitive Linguistics. New York: Oxford University Press, 2007, p. 1175-1202.

LAKOFF, George. Women, fire, and dangerous things: what categories reveal about the mind. Chicago: University of Chicago Press, 1987.

LEWANDOWSKA-TOMASZCZYK, Barbara. Polysemy, prototypes, and radial categories. In: GEERAERTS, Dirk; CUYCKENS, Hubert (org.). The Oxford Handbook of Cognitive Linguistics. New York: Oxford University Press, 2007, p. 139-169.

GEERAERTS, Dirk. Theories of lexical semantics. New York: Oxford University Press, 2010.

GEERAERTS, Dirk. Prototype theory: prospects and problems of prototype theory. In: GEERAERTS, Dirk (org.). Cognitive Linguistics: basic readings. Berlin: Mouton de Gruyter, 2006, p. 141-165.

STOCKWELL, Peter. Cognitive Poetics: an introduction. London/New York: Routledge, 2002.

VANDAELE, Jeroen; BRÔNE, Geert. Cognitive Poetics: goals, gains and gaps. Berlin: Mouton de Gruyter, 2009.

Downloads

Publicado

2020-06-05

Edição

Seção

Artigos Científicos