A LOUCURA, O ENGAJAMENTO E O IDEALISMO: UM PARALELO ENTRE POLICARPO QUARESMA E DOM QUIXOTE
DOI:
https://doi.org/10.56814/lel.v3i1.1019Resumo
Não obstante o seu caráter, eminentemente metafórico e o seu inevitável compromisso com o imaginário, a natureza mimética da literatura nunca pode ser subestimada. Por isso que se diz que não existe literatura, cabalmente isenta de posições ideológicas. É óbvio que, ao longo da história, uma ou outra obra literária se destaca pelo seu viés ideológico, o que a caracteriza como aquilo que se chama de arte engajada. Nesse sentido, o presente artigo, pretende apresentar uma breve discussão sobre as similaridades ideológicas existentes entre dois personagens da literatura universal: Policarpo Quaresma (da obra Triste Fim de Policarpo Quaresma do escritor Lima Barreto) e Dom Quixote (da obra O engenho fidalgo Dom Quixote de La Mancha do escritor Miguel de Cervantes). Inserido no campo da literatura comparada, o trabalho, ora posto, não se limita a expor coincidências temáticas, formais ou no plano das ideias, mas também reflete sobre uma arte literária que idealiza mudanças reais numa sociedade cheia de desajustes. A visão utópica é tão exacerbada nesses dois personagens aos quais o mundo só poderia impor a pecha de devaneio. A ideia de loucura e/ou idealismo se configuram numa linha muito tênue, quando se analisa o enredo dessas duas figuras. Tentar compreender a realidade e, sobretudo, transformá-la não é tarefa para quem tem bom senso. Ocorre, assim, uma espécie de heroísmo sempre sujeito ao escárnio e à ingratidão. Policarpo Quaresma e Dom Quixote parecem ser uma amostra dessa realidade.
Palavras-chave: Dom Quixote. Engajamento. Idealismo. Loucura. Policarpo Quaresma.
Referências
BARBOSA, F. de A. A vida de Lima Barreto. 6 ed. Rio de Janeiro: J. OLIMPIO, 1981.
BARRETO, L. Triste Fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Klick, 1997.
BITTECOURT, G. N. da S. (org.). Literatura comparada: teoria e prática. Porto Alegre: Sagra, 1996.
BONNICI, T. ; ZOLIN, L. O. Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. Maringá: Eduem, 2003.
BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 39 ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
BRAIT, B. A personagem. 7 ed. São Paulo: Ática, 2002.
CANDIDO, A. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987.
CARVALHAL, T. F. Literatura comparada. São Paulo: Ática, 1986.
CERVANTES, M. de. O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha. Belo Horizonte: Itatiaia Limitada, 1983.
EAGLETON, T. Teoria da literatura: uma introdução. 3 ed. São Paulo: Martins Pontes, 1997.
JUNIOR, B. A.; CAMPEDELLI, S. Y. Tempos da literatura brasileira. São Paulo: Círculo do livro, 1991.
LUCAS, F. O caráter social da ficção no Brasil. 2 ed. São Paulo: Ática, 1987.
LUCKÁCS, G. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. São Paulo: Duas cidades, 2000.
MONTENEGRO, O. O romance brasileiro. 3 ed. Recife: FUNDARPE, 1996.
MORAIS, R. de. Lima Barreto. São Paulo: Brasiliense, 1983.
SCHWARZ, R. Sequências brasileiras: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
SEVCENKO, N. Literatura como missão: tempos sociais e criação cultural na Primeira República. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os originais aceitos e publicados tornam-se propriedade da Revista Linguagens & Letramentos, sendo vedada sua reprodução total ou parcial, sem a devida autorização da Comissão Editorial, exceto para uso de estudo e pesquisa.