Comparação da diversidade de comportamentos exibidos por emas em cativeiro e recém liberadas
DOI:
https://doi.org/10.29215/pecen.v5i0.1809Resumen
Em geral, animais resgatados passam um período em cativeiro para avaliação da condição física e capacidade de sobrevivência antes de retornarem a natureza. Durante este período, os animais devem ser estimulados através de um enriquecimento ambiental e alimentar para manterem os comportamentos similares aos apresentados em meio natural. Este estudo foi realizado com seis indivíduos de Rhea americana no bioma Cerrado, em Goiás. O objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade de comportamentos de emas, através de uma comparação entre os comportamentos de cativeiro e vida livre. Os animais tinham entre 4 e 10 meses durante o monitoramento, sendo que os mesmos indivíduos foram observados em cativeiro e vida livre. Observações comportamentais foram feitas com seis indivíduos durante um total de 120 h, sendo 60 h em cativeiro e 60 h em vida livre. Para a construção do etograma foram utilizados os métodos de observação ad libitum e animal focal. Identificamos um total de 19 comportamentos agrupados em oito categorias comportamentais: alimentação, encontro agonístico, locomoção, limpeza, vocalização, brincadeiras, inatividade e defesa. As diversidades de comportamentos tiveram frequências semelhantes nas fases de cativeiro e vida livre. Os comportamentos de locomoção e vocalização tiveram maior expressão em cativeiro, enquanto os comportamentos de limpeza, alimentação, encontro agonístico e brincadeira tiveram maior expressão em vida livre. Entretanto, não houve nenhuma diferença significativa entre os comportamentos de vida livre e cativeiro. Nesse estudo foram feitas observações apenas de machos, e por isso, sugerimos estudos adicionais que incluam machos e fêmeas, para serem observados possíveis comportamentos de reprodução. As reintroduções com emas, geralmente, não são bem sucedidas, considerando a alta taxa de mortalidade por um predador natural. Medidas adequadas de manejo poderiam evitar estes problemas. Desta forma, ações conservacionistas que visem a reintrodução de emas e que identifiquem os comportamentos de indivíduos em cativeiro e vida livre podem ajudar a melhorar o bem-estar animal em cativeiro e, desta forma, aumentar as chances de sobrevivência no ambiente natural. O enriquecimento ambiental e alimentar pode ser essencial para estimular os comportamentos naturais, evitando comportamentos estereotipados em cativeiro. Além disso, os métodos usados nesse estudo poderiam ser utilizados para outras aves ratitas.
Palavras chave: Aves ratitas, bem-estar animal, Cerrado, observações comportamentais, Rhea americana.
Referencias
Azevedo C.S. (2010) Ecologia, comportamento e manejo de emas (Rhea americana, Rheidae, Aves). Tese (Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre). Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Azevedo C.S. & Young R.J. (2006) Behavioral responses of captive-born greater rheas (Rhea americana) Linnaeus (Rheiformes, Rheidae) submitted to antipredator training. Revista Brasileira de Zoologia, 23: 186–193. https://doi.org/10.1590/S0101-81752006000100010
Azevedo C.S., Ferraz J.B., Tinoco H.P., Young R.J. & Rodrigues M. (2010) Time–activity budget of greater rheas (Rhea americana, Aves) on a human-disturbed area: the role of habitat, time of the day, season and group size. Acta ethologica, 13: 109–117. https://doi.org/10.1007/s10211-010-0080-7
Azevedo C.S.D., Lima M.F.F., Silva V.C.A.D., Young R.J. & Rodrigues M. (2012) Visitor influence on the behavior of captive greater rheas (Rhea americana, Rheidae Aves). Journal of Applied Animal Welfare Science, 15: 113–125. https://doi.org/10.1080/10888705.2012.624895
Beck B.B., Rapaport L.G., Stanley Price M.R. & Wilson A.C. (1994) Reintroduction of captive-born animals (p. 265–286). In: Olney P.J.S., Mace G.M. & Feistner A.T.C. (Eds). Creative Conservation: Interactive Management of Wild and Captive Animals. London: Chapman and Hall. 501 p.
Bellis L.M., Martella M.B., Navarro J.L. & Vignolo P.E. (2004) Home range of greater and lesser rhea in Argentina: relevance to conservation. Biodiversity & Conservation, 13: 2589–2598. https://doi.org/10.1007/s10531-004-1086-0
Caro T. (2007) Behavior and conservation: a bridge too far? Trends in Ecology and Evolution, 22: 394–400. https://doi.org/10.1016/j.tree.2007.06.003
Carro M.E. & Fernández G.J. (2008) Seasonal variation in social organisation and diurnal activity budget of the Greater Rhea (Rhea americana) in the Argentinean Pampas. Emu-Austral Ornithology, 108: 167–173.
Codenotti T.L. (1997) Fenología reproductiva y biometría definidos, huevos y pollos del ñandú, Rhea americana en Rio Grande do Sul, Brasil. El Hornero, 14: 211–223.
Codenotti T.L. & Alvarez F. (2001) Mating behavior of the male Greater Rhea. The Wilson Journal of Ornithology, 113: 85–89.
Codenotti T.L.D., Beninca & F. Alvarez (1995) Etograma y relacion de la conducta con el habitat y con la edad en el ñandú. Doñana, Acta Vertebrata, 22: 65–86.
Comparatore V. & Yagueddú C. (2016) Diet preference and density of the Greater Rhea (Rhea americana) in grasslands of the Flooding Pampa, Argentina. Ornithology Research, 24: 13–20.
Dani S. (1993) A Ema Rhea americana: Biologia, manejo e conservação. Belo Horizonte: Q21 Fundação Acangaú. 136 p.
Del-Claro K., Prezoto F. & Sabino J. (2004) Comportamento animal. Uma introdução à Ecologia Comportamental (p. 11–15). Jundiaí: Livraria Conceito. 134 p.
Del Hoyo J., Elliot A. & Sargatal J.A. (1992) Handbook of the Birds of the World. Barcelona: Lynx Editions. 696 p.
Eiten G. (1978) Delimitation of the cerrado concept. Vegetatio, 36: 169–178. https://doi.org/10.1007/BF02342599
Erize F.G. & Villafañe I.G. (2016) Habitats selected by the endangered Greater Rhea (Rhea americana) - implications for conservation. Emu-Austral Ornithology, 116: 379–386. https://doi.org/10.1071/MU15124
Ficken M.S. (1977) Avian play. The Auk, 94: 573–582.
Fraser A.F. & Broom D.M. (1997) Farm animal behaviour and welfare. 3° edição. Wallingford, England: CAB International. 437 p.
Giannoni M.L. (1996) Emus and ostriches: an alternative for the farmer. Jaboticabal: FUNEP. 49 p.
Giordano P.F., Navarro J.L. & Martella M.B. (2010) Building large-scale spatially explicit models to predict the distribution of suitable habitat patches for the Greater Rhea (Rhea americana), a near-threatened species. Biological Conservation, 143: 357–365. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2009.10.022
Gunski R.J. (1992) Análise citogenética e algumas considerações biológicas da espécie Rhea americana-Ema (Aves: Rheidae). Jaboticabal: Unesp. 129 p.
Gwynne J.A., Ridgely R.S., Argel M. & Tudor G. (2010) Guia Aves do Brasil: Pantanal e Cerrado. São Paulo: Editora Horizonte. 322 p.
Hone D.W. & Mallon J.C. (2017) Protracted growth impedes the detection of sexual dimorphism in non‐avian dinosaurs. Palaeontology, 60: 535–545. https://doi.org/10.1111/pala.12298
IUCN (2016) BirdLife International: Rhea americana. The IUCN Red List of Threatened Species. Disponível em: https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2013.RLTS.T22678073A92754472.en (Acessado em: 13/08/2021).
Lewis N.J. & Hurnik J.F. (1990) Locomotion of broiler chickens in floor pens. Poultry Science, 69: 1087–1093. https://doi.org/10.3382/ps.0691087
Magnani F.S. & Paschoal F.R. (1990) Dispersão de sementes pela ema (Rhea americana) em condições de cativeiro (p. 172). Resumos: XVII Congresso Brasileiro de Zoologia. Londrina: SBZ.
Marini M.A. & Marinho-Filho J.S. (2006) Translocação de aves e mamíferos: teoria e prática no Brasil (p. 505–533). In: Rocha C.F.D., Bergallo H.G., Van Sluys M. & Alves M.A.S. Biologia da Conservação. São Carlos: RIMA. 582 p.
Martella M.B., Navarro J.L., Sahade R., Tatián M. & Burgos A. (1994) Breeding system of the Greater Rhea, Rhea americana. Journal of Ornithology, 135: 123.
Mason G.J. (1991) Stereotypies and suffering. Behavioural Processes, 25: 103–115. https://doi.org/10.1016/0376-6357(91)90013-P
McBride G.I., Farer P. & Foenander F. (1969) The social organization and behavior of the feral domestic fowl. Animal Behaviour Monographs, 2: 127–181. https://doi.org/10.1016/S0066-1856(69)80003-8
Miller B., Biggins D., Hanebury L., Vargas A. (1994) Reintroduction of the black-footed ferret (Mustela nigripes) (p. 455–464). In: Olney P.J.S., Mace G.M. & Feistner A.T.C. (Eds). Creative Conservation. Dordrecht: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-011-0721-1_27
Moberg G.P. & Mench J.A. (2000) The biology of animal stress: basic principles and implications for animal welfare. Wallingford: CABI. 384 p.
Munksgaard L., Passile A.M., Rushen J., Thodberg K. & Jensen M.B. (1997) Discrimination of people by dairy cows based on handling. Journal of Dairy Science, 80: 1106–1112. https://doi.org/0.3168/jds.S0022-0302(97)76036-3
Neto G.S.F., Barros A.C., Sobroza T.V., Neves P.U.C., Phillips M.J. & Guimarães E.F. (2020) Period of the day and food-based enrichment affect behaviour activity of Tamandua tetradactyla in captivity? Pesquisa e Ensino em Ciências Exatas e da Natureza, 4: e1498. http://dx.doi.org/10.29215/pecen.v4i0.1498
Neto G.S.F., Oliveira R.C., Barros A.C., Ribeiro R.P., Melul R. & Nomura F. (2021) Lutar, esconder ou correr: como Tamandua tetradactyla (Mammalia) em cativeiro responde a pistas indiretas de um predador? Pesquisa e Ensino em Ciências Exatas e da Natureza, 5: e1689. http://dx.doi.org/10.29215/pecen.v5i0.1689
Ödberg F.O. (1984) Neurochemical correlates of stereotyped behaviour in voles. Applied Animal Behaviour Science, 13: 1–2.
Reboreda J.C. & Fernandez G.J. (1997) Sexual, seasonal and group size differences in the 390 allocation of time between vigilance and feeding in the greater rhea (Rhea americana). Ethology, 103: 198–207.
Renison D., Valladares G. & Martella M.B. (2010) The effect of passage through the gut of the greater rhea (Rhea americana) on germination of tree seeds: implications for forest restoration. Emu, 110: 125–131. http://dx.doi.org/10.1071/MU09090
Sekar M., Rajagopal T. & Archunan G. (2008) Influence of zoo visitor presence on the behavior of captive Indian gaur (Bos gaurus gaurus) in a zoological park. Journal of Applied Animal Welfare Science 11(4): 352–357. http://dx.doi.org/10.1080/10888700802330093
Shepherdson D.J., Carlstead K., Mellen & Seidensticker J. (1993) The influence of food presentation on the behavior of small cats in confined environments. Zoo Biology, 12: 203–216. https://doi.org/10.1002/zoo.1430120206
Short J., Bradshaw S.D., Giles J., Prince R.I.T. & Wilson G.R. (1992) Reintroduction of macropods (Marsupialia: Macropodoidea) in Australia — a review. Biological Conservation, 62: 189–204. https://doi.org/10.1016/0006-3207(92)91047-V
Webb J. (2020) Training Animals in Captivity or the Wild, so They Can Return to the Wild. Zoo Animal Learning and Training, 1-289: 308.
Wilcoxon F. (1992) Individual Comparisons by Ranking Methods. In: Kotz S. & Johnson N.L. (Eds). Breakthroughs in Statistics. Springer Series in Statistics (Perspectives in Statistics). New York: Springer. https://doi.org/10.1007/978-1-4612-4380-9_16
Wolf C.M., Griffith B., Reed C. & Temple S.A. (1996) Avian and mammalian translocations: update and reanalysis of 1987 survey data. Conservation Biology, 10: 1142–1154. https://doi.org/10.1046/J.1523-1739.1996.10041142.X
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos / Authors who publish in this journal agree to the following terms:
A) Autor(es) e o periódico mantêm os direitos da publicação; os autores concedem ao periódico o direito de primeira publicação, sendo vedada sua reprodução total ou parcial sob qualquer caráter de ineditismo; qualquer utilização subsequente de trechos de manuscritos (e.g., figuras, tabelas, gráficos etc.) publicados na Pesquisa e Ensino em Ciências Exatas e da Natureza deve reconhecer a autoria e publicação original / Author (s) and the journal maintain the rights of publication; the authors grant the journal the right of first publication, being prohibited their total or partial reproduction in any character of novelty; any subsequent use of excerpts from manuscripts (e.g., figures, tables, graphics, etc.) published in Research and Teaching in Exact and Natural Sciences must acknowledge the original authorship and publication.
B) Autores tem o direito de disseminar a própria publicação, podendo, inclusive disponibilizar o PDF final do trabalho em qualquer site institucional ou particular, bem como depositar a impressão da publicação em bibliotecas nacionais e internacionais / Authors have the right to disseminate the publication itself, and may also make available the final PDF of the work in any institutional or private site, as well as depositing the printing of the publication in national and international libraries.