Além de números e estatísticas: o fenômeno migratório sob uma perspectiva ética

Resumo

O fim do século XX coroou o avanço da tecnociência como alavancador de uma nova humanidade, cujo primado seria a inovação dos produtos provenientes da revolução tecnológica. Entretanto, o trato humano continuou a ser desafiador para aqueles que se importam com as condições de subumanidade em que se encontram grandes contingentes de pessoas. Neste início do século XXI não se notaram diferenças significativas no trato das populações migrantes, como se observa pelos relatos cotidianos sobre grupos de refugiados em rota de fuga devido às precárias condições de sobrevivência e que não encontram o reconhecimento da sua condição humana nos lugares em que aportaram. Muitos pensadores não veem a globalização econômica como distribuidora das riquezas que a economia global produziu. Os valores inerentes à sociedade globalizada se identificaram com os valores do capitalismo, centrando-se no individualismo e na ideia de que devemos produzir mais, sem levar em conta o esgotamento dos recursos naturais. Tal situação levou muitos autores a produzir uma série de reflexões propondo repensar a ética a partir de uma nova ordem de valores que pudessem considerar as diferenças humanas e estabelecer o minimum ético como princípio garantidor da existência dos humanos.  Este trabalho revisita algumas dessas discussões, com um foco específico na questão da migração, almejando um ressignificar de valores que sejam pautados na ética e apontando um horizonte mais favorável à vida, com a aceitação da diferença.

Palavras chave: Globalização; Migrantres; Ética.