Distribuição e diversidade da flora vascular em cinco remanescentes naturais de Alagoas: síntese do conhecimento atual

Autores

  • Emanuelle Almeida da Costa Santos Programa de Pós-Graduação da Rede Nordeste de Biotecnologia, Universidade Federal de Alagoas.
  • Eduardo Vinícius Silva Oliveira Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Sergipe. http://orcid.org/0000-0003-4858-3930
  • José Paulo Santana Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal de Sergipe.
  • Nicácio Silva Brito Campus de Engenharias e Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas.
  • Ewerson Bruno de Albuquerque Costa Campus de Engenharias e Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas.
  • Jasiel Firmino Campus de Engenharias e Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas.
  • Rosângela Pereira de Lyra Lemos Herbário MAC, Instituto do Meio Ambiente de Alagoas.
  • Jarina Waléria Alves Silva Herbário MAC, Instituto do Meio Ambiente de Alagoas.
  • Ana Paula do Nascimento Prata Programa de Pós Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Alagoas. http://orcid.org/0000-0001-7922-8355

DOI:

https://doi.org/10.29215/pecen.v6i0.1850

Resumo

O Estado de Alagoas apresenta remanescentes naturais extremamente importantes e representativos quanto à biodiversidade. Entretanto, nota-se uma carência de levantamentos florísticos neste Estado, o que pode dificultar a elaboração de políticas de conservação. Diante disso, esse trabalho foi realizado com o intuito de listar as espécies de plantas vasculares ocorrentes em cinco áreas de remanescentes em Alagoas. Foram selecionadas cinco áreas: Reserva Particular do Patrimônio Natural Placas, Parque Municipal de Maceió, Estação Ecológica (ESEC) de Murici, ESEC Curral do Meio e Fragmento Varrela. O inventário florístico foi compilado a partir de bibliografia, dados secundários e expedições botânicas. O relacionamento florístico entre os remanescentes foi avaliado a partir de análises de similaridade florística. Os resultados revelaram a existência de 501 espécies, das quais seis espécies estão ameaçadas de extinção. As famílias com o maior número de espécies foram Fabaceae (75 spp.), Rubiaceae (36 spp.) e Malvaceae e Myrtaceae (21 spp. cada). A maioria das espécies (73%) possui distribuição geográfica restrita, i.e., confinadas a um único remanescente. Foram observados valores baixos de similaridade florística (0.20), provavelmente explicados por heterogeneidade ambiental e distância geográfica. A presença de espécies ameaçadas de extinção e a singularidade florística observada reforçam a necessidade de conservação desses remanescentes.

 

Referências

Ab’Sáber A.N. (2007) Os domínios da natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 4° edição. São Paulo: Ateliê Editorial. 144 p.

Almeida-Jr E.B., Machado M.A., Medeiros D.P.W., Pinheiro T.S. & Zickel C.S. (2016) Florística de uma área de vegetação de influência marinha no litoral sul de Alagoas, Brasil. Revista Brasileira de Geografia Física, 9: 1400–1409. https://doi.org/10.5935/1984-2295.20160096

APG IV – Angiosperm Phylogeny Group IV (2016) An update of the Angiosperm Phylogeny Group Classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, 181: 1–20. https://doi.org/10.1111/boj.12385

BFG – The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia, 69: 1513–1527. https://doi.org/10.1590/2175-7860201869402

Brandão C.F.L.S., Vieira A.C.S., Farias D.S., Silva L.G., Gonzaga E.P., Lana M.D., Cola R.Q. & Nobre S.C.M. (2020) Análise do componente arbóreo adulto e regenerante e da serapilheira em um remanescente de Floresta Atlântica em Rio Largo, Alagoas (p. 70–89). In: Leite M.J.H., Pinto A.V.F., Brandão C.F.L.S. & Lana M.D. (Orgs). Pesquisas florestais em foco. – Nova Xavantina, MT: Pantanal Editora. 105 p.

Brasil (2000) Lei n° 9.985/2000 – Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e dá outras providências. 6° edição. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. 57 p.

Cardoso D.B.O.S. & Queiroz, L.P. (2010) Caatinga no contexto de uma metacomunidade: evidências da biogeografia, padrões filogenéticos e abundância de espécies em leguminosas (p. 241–260). In: Carvalho C.J.B. & Almeida E.A.B. (Orgs). Biogeografia da América do Sul: padrões e processos. São Paulo: Roca. 332 p.

Carvalho G. (2020) Tools for Interacting with the Brazilian Flora 2020. Disponível em: http://www.githu b.com/gustavobio/flora (Acessado em 11/05/2021).

Chaves A.D.C.G., Sousa R.M.S., Santos J.O, Albuquerque A.F. & Maracajá P.B. (2013) A importância dos levantamentos florístico e fitossociológico para a conservação e preservação das florestas. Agropecuária Científica no Semiárido, 9: 43–48. http://dx.doi.org/10.30969/acsa.v9i2.449

CNCFLORA – Centro Nacional de Conservação da Flora (2021) Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/ (Acessado em 01/11/2021).

Correia J.S., Lyra-Lemos R.P., Ribeiro R.D.T.M. & Bezerra M.I. (2021) Diversidade Florística dos Afloramentos Rochosos da Reserva Biológica de Pedra Talhada, Quebrangulo, Alagoas. Revista Brasileira de Geografia Física, 14: 743–757. https://doi.org/10.26848/rbgf.v14.2.p743-757

Costa A.S. & Moura F.B.P. (2006) A biodiversidade da Mata Atlântica alagoana: flora (p. 39–47). In: Moura F.B.P. (Org). A Mata Atlântica em Alagoas. Maceió: EDUFAL. 88 p.

Costa A.S., Rios P.A.F., Salgado S.S., Lyra-Lemos R.P. & Moura F.D.B.P. (2007) Estrutura de um fragmento florestal na região metropolitana de Maceió. Revista Brasileira de Biociências, 5: 339–341.

Doyle J.J. & Luckow M.A. (2003) The rest of the iceberg: legume diversity and evolution in a phylogenetic context. Plant Physiology, 131: 900–910. https://doi.org/10.1104/pp.102.018150

Filgueiras T.S., Nogueira P.E., Brochado A.L. & Guala G.F. (1994) Caminhamento: um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências, 12: 39–43.

Forzza R.C., Baumgratz J.F.A., Bicudo C.E.M., Canhos D.A.L., Carvalho Jr. A.A., Costa A.F., Costa D.P., Hopkins M., Leitman P.M., Lohmann L.G., Maia L.C., Martinelli G., Menezes M., Morim M.P., Nadruz-Coelho M.A., Peixoto A.L., Pirani J.R., Prado J., Queiroz L.P., Souza V.C., Stehmann J.R., Sylvestre L., Walter B.M.T. & Zappi D. (2010) Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio / Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 1699 p.

Gentry A.H. (1988) Changes in plant community diversity and floristic composition on environmental and geographical gradients. Annals of the Missouri botanical garden: 75: 1–34. https://doi.org/10.2307/2399464

Hammer Ø., Harper D.A.T. & Ryan P.D. (2013) PAST - Palaeontological statistics. Disponível em: http://folk. uio.no/ohammer/past/ (Acessado em 10/06/2021).

Hasanuzzaman M., Araújo S. & Gill S. S. (2020) The plant family Fabaceae: biology and physiological responses to environmental stresses. Singapura: Springer Nature. 547 p.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2021) Portal Cidades e Estados. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/al.html (Acessado em 03/12/2021).

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (2008) Plano de ação nacional para a conservação do mutum-de-alagoas (Mitu mitu = Pauxi mitu). Brasília: ICMBIO. 48 p.

Jacomine P.K.T., Cavalcanti A.C., Pessôa S.C.P. & Silveira C.O. (1975) Levantamento Exploratório – Reconhecimento de Solos do Estado de Alagoas. Recife: EMBRAPA / SUDENE. 562 p.

Lorenzi H (1992) Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Editora Plantarum. 368 p.

Lyra-Lemos R.P., Mota M.C.S., Chagas E.C.O. & Silva F.C. (2010) Checklist-Flora de Alagoas: Angiospermas. Instituto de Meio Ambiente. Maceió: Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, Herbário MAC. 141 p.

Machado M.A.B.L., Carvalho L.D.F.C., Neto, J.L.R. & Lyra-Lemos R.P. (2012) Florística do estrato arbóreo de fragmentos da mata atlântica do nordeste oriental, município de Coruripe, Alagoas, Brasil. Revista Ouricuri, 2: 55–72.

Mendonça N.T. (2005) Florística e fitossociologia em fragmento de Mata Atlântica - serra da Bananeira, Estação Ecológica de Murici, Alagoas. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco.

Mittelbach G.G. & McGill B.J. (2019) Community Ecology. Oxford: Oxford University Press. 430 p.

Mittermeier R.A., Robles-Gil P. & Mittermeier C. (1997) Megadiversity: earth’s biological wealthiest nations. Mexico City: CEMEX / Agrupación Sierra Madre. 501 p.

Mittermeier R.A., Fonseca G.A.B., Rylands A.B. & Brandon K. (2005) Uma breve história da conservação da biodiversidade no Brasil. Megadiversidade, 1: 14–21.

Mori A.S., Silva L.A.M., Lisboa G. & Coradin L. (1985) Manual de manejo do herbário fanerogâmico. Ilhéus: Centro de Pesquisas do Cacau. 84 p.

Moro M.F. & Martins, F.R. (2011) Métodos de levantamento do componente arbóreo-arbustivo (p. 174–212). In: Felfili J.M., Eisenlohr P.V., Melo M.M.R.F., Andrade L.A. & Meira Neto J.A.A. (Orgs). Fitossociologia no Brasil: métodos e estudos de casos. Vol. 1. Viçosa: Editora UFV. 556 p.

Mota M.C.S., Chagas E.C.O., Silva J.W.S., Silva M.W.T. & Lyra-Lemos R.P. (2017) Checklist das plantas vasculares e caracterização dos morros do Craunã e do Padre, município de Água Branca, Alagoas. AmbientAL, 1: 64–85.

Oliveira A.N.S., Amorim C.M.F. & Lyra-Lemos R.P. (2020) Alagoas-Unidades de Conservação: as riquezas das áreas protegidas no território alagoano. 2° edição. Maceió: Instituto de Meio Ambiente do Estado de Alagoas. 346 p.

Pinto L.P., Paglia A., Paese A. & Fonseca M. (2004) O papel das reservas privadas na conservação da biodiversidade (p. 01–11). In: Castro, R. & Borges, M.E. (Orgs.). RPPN: conservação em terras privadas, desafios para a sustentabilidade. Planaltina do Paraná: Edições CNRPPN. 210 p.

Primack R.B. & Rodrigues E. (2001) Biologia da conservação. Londrina: Editora Planta. 328 p.

Queiroz L.P. (2009) Leguminosas da Caatinga. Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana. 913 p.

R Development Core Team (2015) R: a language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing. Disponível em: https://www.r-project.org/ (Acessado em 10/06/2017).

Rosa-Neto J.L., Lopes U.G.C. & Moura F.B.P. (2013) Effects of soil, altitude, rainfall, and distance on the floristic similarity of Atlantic Forest fragments in the east-Northeast. Biotemas, 26: 91–98. https://doi.org/10.5007/2175-7925.2013v26n3p91

Santos G.R., Santos J.E.B., Araujo K.D. & Costa J.G. (2020) Composição florística e fitossociológica em ambiente de caatinga na Estação Ecológica Curral do Meio, Alagoas. Geo UERJ, 37: 1–16. https://doi.org/10.12957/geouerj.2020.31804

SEPLAG-AL – Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (2021) Mapas de caracterização territorial. Disponível em https://dados.al.gov.br/catalogo/lt/dataset/mapas-de-caracterizacao-territorial (Acessado em 20/12/2021).

Siqueira G.B., Barbosa L.L.M., Silva J.R.B. & Barros R.P. (2009) Levantamento florístico de um fragmento de mata situado na área de preservação permanente Serra da Mangabeira, município de Arapiraca - AL. Revista Ambientale, 1: 1–16.

Souza M.A., Araujo K.D., Andrade A.P., Pavão J.M.D.S.J. & Costa E.M.S. (2019) Phytosociological analysis of the tree-shrub component of the Caatinga, Alagoas, Brazil. Revista Principia, 47: 153–159.

Stehmann J.R., Forzza R.C., Salino A., Sobral M., Costa D.P. & Kamino L.H.Y. (Eds) (2009) Plantas da Floresta Atlântica. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 516 p.

Thiers, B. (2014) Índice herbariorum: the herbaria of the world. Disponível em: http://sweetgum.nybg.org/ih/ (Acessado em 31/12/2021).

Valentin J.L. (1995) Agrupamento e ordenação (p. 27–55). In: Peres-Neto P.R., Valentin J.L. & Fernandez F.A.S (Eds) Tópicos em tratamento de dados biológicos. Rio de Janeiro: Oecologia Brasiliensis / PPGE-UFRJ. 161 p.

Valentin J.L. (2000) Ecologia numérica: introdução à análise multivariada de dados ecológicos. Rio de Janeiro: Interciência. 118 p.

Varty, N. (1998) Caesalpinia echinata / The IUCN Red List of Threatened Species. Disponível em: https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.1998.RLTS.T33974A9818224.en. (Acessado em 04/12/2021).

Downloads

Publicado

09-05-2022

Edição

Seção

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS / BIOLOGICAL SCIENCES