UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL BRASILEIRA NO ENSINO BÁSICO

Autores

  • Ricardo Emílio Ferreira Quevedo Nogueira UFC

DOI:

https://doi.org/10.56814/red.v1i1.1827

Resumo

O ensino de música, componente obrigatório do currículo das escolas brasileiras, via de regra, se baseia em modelos e obras europeias, apresentadas como padrão de excelência a ser perseguido. Tais obras, a despeito de sua elaborada concepção e aceitação universal, estão muito longe da realidade dos nossos estudantes. A imposição desse tipo de ensino, onde a música europeia é apresentada como “superior”, perpetua um sistema racista de submissão aos valores da “metrópole”, no qual a nossa música é considerada como “inferior”, inculta ou de pior qualidade.  O ensino de música baseado exclusivamente em obras de origem europeia, além disso, pode desestimular o aprendizado ou o gosto dos estudantes que, muitas vezes, não se identificam com os seus estilos, formas e ritmos. A proposta deste trabalho foi pesquisar a bibliografia sobre alternativas de Educação Musical numa perspectiva não-eurocêntrica  (decolonial), analisar algumas abordagens recentes que enfatizam  a cultura nacional e discutir a viabilidade de uma Educação Musical brasileira, que valorizasse a nossa música e permitisse uma aprendizagem mais prazerosa dos fundamentos da linguagem musical.  A partir das observações e conclusões dos estudiosos do tema, verificou-se que uma Educação Musical que inclua nossas músicas e manifestações populares é viável e capaz de propiciar um maior envolvimento e o desenvolvimento musical dos estudantes brasileiros, de modo eficaz e atraente. Este trabalho sugere, portanto, a adoção de uma abordagem para a Educação Musical na educação básica, que seja fortemente baseada na nossa cultura popular e na diversidade da música brasileira.

Biografia do Autor

  • Ricardo Emílio Ferreira Quevedo Nogueira, UFC
    Professor de Literatura da UFCG-CFP-UAL. Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Escritor.

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Publicado

2021-12-06

Edição

Seção

LINHA 2: Identidade, Processo colonial/decolonial e suas representações socioculturais na Literatura e na Sociedade