OS CIGANOS DE MACONDO NA OBRA DE GABO E OS DE SOUSA, PARAÍBA, POR ELES MESMOS: UM DIÁLOGO ENTRE O FICCIONAL E O REAL NA PERIFERIA DO MUNDO
DOI:
https://doi.org/10.56814/red.v1i1.1826Resumo
Neste trabalho, procedemos um diálogo entre a situação dos ciganos na obra ficcional de Gabriel García Marquéz (1967), o Gabo como é também conhecido, e as entrevistas realizadas na cidade de Sousa, Paraíba, com um grupo da etnia Calon e inicialmente analisadas em artigo anteriormente publicado por Souza, Abrantes e Lima (2020). A obra “Cem Anos de Solidão” é uma das mais famosas na língua espanhola e retrata os ciganos em situação de nomadismo no enredo central. A situação de fixação territorial identificamos nos ciganos de Sousa, Estado da Paraíba, que pararam de migrar, há quase 40 anos. As aproximações e distanciamentos entre a obra ficcional e a realidade dos ciganos do sertão da Paraíba serão mediados por conceitos decoloniais de território e fronteira, periferias e centro. Observamos as semelhanças e diferenças através da sobreposição de trechos da obra literária componente do realismo mágico e das falas dos colaboradores do Rancho de baixo, o Rancho do chefe Eládio. Como personagens caracteristicamente portadores de uma distopia fantástica, os ciganos não são meros referentes dentro da construção literária e também social. Como tratamos de um grupo andante na ficção e fixados na realidade, o processo histórico que os define é diverso, mas não completamente destoante, posto que ambos se localizam na periferia do mundo, com vicissitudes próprias de uma cultura periférica. Daí que as lutas das minorias como a dos ciganos provocam, tanto em Sousa como em Macondo, os nichos do cosmopolitismo dominantes.Referências
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