Efeito de técnicas de enriquecimento ambiental no comportamento de Leontopithecus chrysomelas (Kuhl, 1820) (Primates: Callitrichidae)

Autores

  • Denise Costa Rebouças Lauton Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas
  • Antônio de Oliveira Costa Neto Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas

DOI:

https://doi.org/10.29215/pecen.v2i2.1063

Resumo

Enriquecimento ambiental consiste em técnicas que modificam o ambiente cativo, de forma a dinamizá-lo. A adoção do método resulta, com frequência, na diminuição de comportamentos anormais (estereotipias) e na expressão de um repertório comportamental mais típico. Acreditando-se na eficácia das técnicas de enriquecimento ambiental e que é possível melhorar a condição de indivíduos cativos, este trabalho foi proposto. Técnicas de enriquecimento Físico e Alimentar foram aplicadas a grupos e indivíduos solitários de Leontopithecus chrysomelas (Kuhl, 1820) mantidos no Laboratório Tropical de Primatologia (LTP), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). As observações foram realizadas em três fases: Controle; enriquecimento Físico; e enriquecimento Alimentar. Na fase Controle os indivíduos apresentaram comportamentos anormais frequentes, como o pacing e o vigiar excessivo, principalmente os indivíduos solitários. Durante a fase experimental, apenas o ato vigiar apresentou diferença significativa para os grupos familiares (Fr2 = 7.58; gl = 2; p = 0.023). Os resultados demostram que L. chrysomelas do LTP parecem ser mais resistentes às mudanças, possivelmente devido ao longo período de exposição destes a um ambiente condicionado a uma rotina e sem estímulos. Visando modificar este cenário, sugere-se a adoção de métodos de “quebra de rotina” concomitante às técnicas de enriquecimento ambiental.

Palavras chave: Cativeiro, comportamento, Primata.

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Publicado

28-12-2018

Edição

Seção

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS / BIOLOGICAL SCIENCES